segunda-feira, 25 de julho de 2016

Reforma pequena diante do tamanho do problema



Meirelles acredita que reforma da Previdência será aprovada no Congresso
  • 25/07/2016 17h50
  • Rio de Janeiro
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acredita que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso. De acordo com Meirelles, as negociações estão em ritmo avançado. Embora não tenha sido definido um prazo para a apresentação da proposta pelo Poder Executivo, ele espera que isso ocorra tão logo seja possível.

 O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participou do seminário Reforma Fiscal, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV)Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil


“Dentro da linha de que vamos fazer certo, vamos fazer algo que de fato seja eficaz e funcione, mas que seja implementado o mais rápido possível”, disse, após participar do seminário Reforma Fiscal, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no centro da capital fluminense.

Para Meirelles, a questão da idade mínima é um dos pontos que precisam ser incluídos na reforma e discutido com bastante segurança. O ministro disse que não é verdade o argumento de que a medida afetaria a maioria dos trabalhadores. Segundo ele, os empregados de menor faixa de renda não conseguem, normalmente, em média, formalização das suas carteiras de trabalho, na maior parte da vida laboral, o que significa que muitos têm 15 anos de contribuição, apesar de ter trabalhado a vida inteira e, portanto, se aposenta por idade.

“Uma grande maioria, toda na faixa mais baixa de renda, já está se aposentando por idade. As que serão afetadas são as faixas maiores de rendimento e que se aposentam, em média, com 55 anos ou menos, o que evidentemente, é insustentável para a sociedade pagar por isso. Acredito que é extremamente viável a aprovação da [reforma da] Previdência, está extensivamente negociada e será apresentada no devido tempo”, disse.

Transição
Meirelles disse que ainda não há uma decisão do governo de quanto deve ser a idade mínima para aposentadoria. Embora exista o preceito constitucional de 65 anos para homens e 60 para mulheres, este patamar está sendo analisado para verificar se está de acordo com a atual demografia brasileira e para os próximos anos ou se pode haver uma elevação.

“É importante que haja uma regra de transição para aqueles que estão mais próximos, a um ano da aposentadoria ou seis meses da aposentadoria, levando ao extremo, tenham um tratamento diferente daqueles para quem faltam dez ou cinco anos. É importante que seja algo austero, factível e financiável pela sociedade brasileira e, ao mesmo tempo, tenha efeitos reais sobre as contas públicas”, disse.

Saiba Mais
Conforme o ministro, na medida em que o desemprego começar a diminuir, com a retomada das atividades econômicas, haverá cada vez mais uma percepção na sociedade de que há uma melhora. “Isso me parece mais importante do que qualquer coisa e, como tenho enfatizado no Congresso, mais importante para os políticos também”.

Efeitos em 30 anos
No mesmo seminário, o secretário de Previdência Social do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, disse que se a reforma da Previdência for aprovada agora, os efeitos só começariam a ser sentidos daqui a 30 ou 35 anos. Para o secretário, essa perspectiva é preocupante diante da expectativa de envelhecimento da população e, por isso, o interesse do governo em discutir as mudanças com a sociedade para garantir o funcionamento do sistema previdenciário.

“O intuito de todo esse processo é manter a Previdência. Só que para manter é preciso mudanças", disse. O secretário diz que a razão da Previdência Social é funcionar como um seguro para proteger o beneficiário da perda de capacidade de trabalho, mas para garantir os recursos é preciso pensar na sustentabilidade da previdência, o que representa um grande desafio no longo prazo.

Caetano diz que alguns fatores influenciam este panorama na medida em que mudam a expectativa de vida do brasileiro. “No início desse século uma pessoa com 65 anos, independentemente do gênero, em média, tinha uma expectativa de sobrevida por mais 15,9 anos. Hoje isso já subiu para 18,5 e a gente espera que, em 2060, isso venha a subir para 21,2 anos. As pessoas vivem cada vez mais e isso afeta a Previdência”.

Menos filhos
Segundo Caetano, a questão da sobrevida é apenas um aspecto do envelhecimento da população e uma outra muito importante é a queda no número de filhos. Até os anos 60, pouco antes dos métodos contraceptivos, as mulheres tinham em média seis filhos, daí a relação é decrescente até que, em 2005, a taxa de fecundidade ficou aquém do nível de reposição da população. “Gerações nascidas a partir de 2005, em termos matemáticos e demográficos, sequer repõem seus pais”.

“Isso vai ter um reflexo na velocidade do envelhecimento populacional. Hoje temos 12 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 pessoas entre 15 e 64 o que em termos demográficos se classifica como grupo em idade ativa. Em função tanto da sobrevida que cresce, principalmente, da fecundidade que cai muito, esse número vai começar a crescer muito rapidamente, principalmente, na próxima década até chegar em 2060, a 44 idosos para cada 100 pessoas em idade ativa. Existe um quadro demográfico de evolução de envelhecimento populacional que coloca desafios”.

Crescimento da economia
Durante o mesmo seminário, o economista e diretor da FGV e ex-presidente do Banco Central,  Carlos Langoni, fez uma análise em que previu de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos em um país) pode registrar crescimento de 2%, no ano que vem. Em vista da estimativa de Langoni, Meirelles preferiu não adiantar com que números trabalha.

“Espero que ele esteja certo e estas previsões de 2% para o ano que vem já me encorajam e tenho visto previsões de números e percentuais ainda maiores para 2018, por exemplo, mas prefiro não me comprometer com este tipo de previsão, porque senão vira uma meta da Fazenda que passa a ser cobrada nestes outros casos. Prefiro tomar as medidas certas, fazer o trabalho de casa correto, ser transparente, claro e deixar que os resultados falem por si mesmos e os analistas façam previsões independentes”, disse Meirelles.

Edição: Fábio Massalli

domingo, 17 de julho de 2016

Alternativas na gestão pública



Espírito Santo prioriza PPPs para ampliar cobertura de saneamento básico
  • 15/07/2016 19h48
  • Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil






 
O governo do Espírito Santo está trabalhando para estender a todo o estado a cobertura de saneamento básico por meio de parcerias público privadas (PPPs). “Saneamento é respeito ao meio ambiente, mas é saúde preventiva na veia”, disse hoje (15) ao portal da Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde participou do Almoço do Empresário, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung.

O governo capixaba está reforçando o conceito de parcerias público privadas, que une investimentos privados e públicos, na área de saneamento disse Hartung, que acrescentou que a PPP vem sendo implantada há um ano com essa finalidade no município de Serra e a experiência foi um sucesso. “Estamos ampliando nesse município e vamos universalizar a coleta e o tratamento de esgoto”.

Hartung disse que será lançado um novo edital de PPP de saneamento para o município de Vila Velha dentro de 60 dias. A capital, Vitória, foi dotada de cobertura de coleta e tratamento de esgoto na gestão passada de Hartung. Em Vila Velha, o governador disse que serão mais de R$ 630 milhões de investimentos. "Nós vamos constituir aproximadamente 600 quilômetros de rede coletora de esgoto”.

Petróleo e gás
Também na área de petróleo e gás, em que o Espírito Santo é produtor, a exemplo do Rio de Janeiro, Paulo Hartung disse estar negociando com a Petrobras a concessão do gás. A ideia é, uma vez concluída essa negociação, trazer capital privado para o setor para desenvolver o mercado de gás em todo o território do Espírito Santo.

Segundo o governador, atualmente a distribuição de gás está concentrada em poucos municípios. Ele pretende expandir, se possível, a distribuição para os 78 municípios capixabas, “trazendo também, como no saneamento, a parceria privada para desenvolvimento dessa área importante”.

Pacto federativo
Hartung defendeu a reorganização do pacto federativo do país, fazendo com que as regiões brasileiras tenham autonomia na sua auto-organização. “Não dá para você organizar um pequeno município do interior do Rio de Janeiro com as mesmas leis que você organiza a cidade do Rio ou a região metropolitana. Essa é a primeira coisa importante”.

Do mesmo modo, o governador disse que há a necessidade de a população estar consciente do que ocorre no Brasil. “O país está vivendo uma crise grave. Acho que todos nós precisamos fazer a nossa parte, estabelecer um debate sincero com a sociedade, que possa levar à reorganização das contas públicas nacionais e à retomada da confiança”.

Hartung disse que quando o Brasil obteve o bom grau de investimento (dado pelas agências internacionais de avaliação de risco), a situação interna melhorou para os brasileiros e quando perdeu essa avaliação, a vida do país piorou. “Precisamos readquirir [o grau de investimento]”. Ele disse que, para isso, só existe um caminho, que é por meio da reorganização das contas públicas nacionais, “para que o olhar do empreendedor nacional ou estrangeiro seja um olhar de confiança e ele volte a investir, gerando oportunidades, gerando emprego, rodando a máquina econômica e jogando o país para a frente”.

Edição: Fábio Massalli


sábado, 2 de julho de 2016

Brasil melhorando



Balança comercial registra melhor resultado da história no primeiro semestre
  • 01/07/2016 15h33
  • Brasília
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

 A balança teve superávit de US$ 23,635 bilhões nos seis primeiros meses do anoArquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil




Beneficiada pela queda das importações em maior ritmo que o recuo das exportações, a balança comercial registrou superávit de US$ 3,974 bilhões em junho. Com o resultado do mês passado, a balança teve superávit de US$ 23,635 bilhões nos seis primeiros meses do ano, o melhor resultado da história para o período.

A balança comercial é a diferença entre exportações e importações. Apesar do recorde no primeiro semestre, o resultado positivo da balança comercial em junho foi 12,3% menor que o superávit de US$ 4,529 registrado no mesmo mês do ano passado.

Saiba Mais
No mês passado, as exportações alcançaram US$ 16,743 bilhões, queda de 18,6% em relação a junho de 2015 pela média diária. As importações somaram US$ 12,77 bilhões, recuo de 19,3% na mesma comparação.

No acumulado do ano, as vendas para o exterior totalizaram US$ 90,237 bilhões, retração de 5,9% pela média diária em relação ao primeiro semestre de 2015. As compras externas apresentaram valor de US$ 66,602 bilhões, queda de 28,9% em relação aos seis primeiros meses do ano passado também pela média diária.

Pelo segundo ano seguido, o país está batendo recorde nas quantidades exportadas, mas a queda do preço das commodities – bens primários com cotação internacional – está diminuindo o valor das exportações. De janeiro a junho, o volume de mercadorias exportadas cresceu 9,8%, mas os preços caíram, em média, 14,8%.

Todas as categorias de produtos exportados apresentaram queda em 2016. O recuo chega a 7,9% para os produtos básicos, com destaque para petróleo bruto (-38%), café em grão (-27,3%) e minério de ferro (-24,4%).

Em relação aos produtos manufaturados, a queda chegou a 4%, puxadas por autopeças (-25%), motores para veículos (-22,6%) e motores e geradores elétricos (-20,6%). Os produtos semimanufaturados acumulam queda de 1,5%, com destaque para semimanifaturados de ferro e aço (-23,1%), couros e peles (-17,1%) e ferro em liga (-15,7%).

Sobre as importações, a alta do dólar em relação ao primeiro semestre do ano passado foi a principal responsável pela redução do valor comprado do exterior. Nos seis primeiros meses do ano, a quantidade importada caiu 20,1%, e os preços caíram 10,8%. As principais quedas no valor importado foram observadas em combustíveis e lubrificantes (-48,9%), bens de consumo (-27,5%) e bens intermediários (-26,8%).

Edição: Armando Cardoso